S34 - Ep26.07.18

📷: @talitabenicio (Instagram)

Saí da consulta, passei na banca e, já estava indo embora, quando meus olhos avistaram um pedaçinho da minha infância. Brilhando, quadradinho e doce, como as memórias que guardo daquela época.

Vô Antônio voltava da Cidade (lá no Rio, é assim que a Velha Guarda chama o Centro) sempre com doces nos bolsos. Para mim, meus primos e as crianças da Pacheco. E hoje, voltei uns 28 anos. Cheguei a fechar os olhos e ouvir a voz dele me chamando de "ratinha branca". É, meu avô era peculiar - comprava 6 litros de sorvete Kibon no inverno e fazia meu café da manhã. Baixinho. Fofoqueiro. Chorão.

A Vó Elia fazia a melhor mamadeira do mundo. Na hora de dormir, a regra era tabuada debaixo do travesseiro (para não esquecer) e "cesto de pão" na minha cabeça. A matemática não rolou, mas segundo ela, minha meteórica carreira como padeira já havia começado ali. Cuscuz amarelo, doce de banana, calor da moléstia e o sarcasmo familiar entre os Benicios - veio tudo dela.

Da Vó Hilda e do Vô Manel, herdei meu tino para os negócios e meu amor por trabalhos manuais. Ela era talentosíssima - do mingau de aveia até o crochê. Do Velho Manel, veio o bom humor - não tinha quem não gostasse dele.

A boca fala do que o coração está cheio. Recordações, passeio de Brasília azul, de trem Parador, sonho do padeiro da bicicleta, peixinho na feira de sexta feira, comidinha de mentira na varanda da Divinópolis e patins nos paralelepípedos de Ribeirópolis. Feliz eu fui. E volto a ser, sempre que tem caramelo. 

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