S29 - Ep05.04.13
Hoje, exatamente hoje, 20 dias depois de ter chegado aqui em
Chennai, ouvi a seguinte pergunta “Talita, como voce lida com a saudade?”.
Sem pensar, respondi “eu evito ouvir a voz”. E muito
convicta, o papo transcorreu e segui dando conselhos de como ser forte, como
aguentar a barra, de como nao quero mandar tudo pra merda e voltar correndo de
onde eu vim. Mandei comer chocolate, aproveitar a vida e parar de neura. E,
acredito que meus conselhos funcionaram, pois a tristeza dele ja foi embora. E
a caixa de chocolates, tambem.
Eis-me aqui. 29 anos de profunda experiencia em levar a vida
sempre sentindo falta de alguem ou de alguma coisa. Bem verdade que mais de
alguens do que de algumas coisas. Afinal, os moveis se compram denovo e os
livros, a gente baixa da internet. Mas as pessoas, meu amigo, essas eu venho
armazenando desde os primordios do disquete 5” ¼.
Desde muito nova, saudade eh um sentimento que me acompanha. Ai
tinha mae, mas nao tinha avo. Tinha amigos, mas nao tinha namorado. Dia dos
pais, mas nao tinha pai. Pra piorar, eu “nao-me-aquieto”
(minha definicao, dada por terceiros. Achei autentico!) e to sempre por ae.
E eh por essas e por outras, que nao troco meu titulo de eleitor. Nunca sei
onde vou parar.
A verdade eh que cada um desenvolve a sua forma de sofrer menos
(e existe pouco sofrimento?!). Alguns
andam com foto na carteira, outros jogam todas fora, alguns escrevem e-mails,
outros conversam no Whatsapp, alguns falam todos os dias ao telefone, outros – eu – evitam ao maximo ouvir a voz do
outro lado. Se adianta? Cara, ja morei no Rio de Janeiro, em Belem, em Manaus,
na Alemanha. Ja rodei grande parte desse mundo e agora, parei aqui na India. E
ainda nao morri de saudades. Uns dias sim, fico mal, choro, acho que eh o fim.
Ai mando e-mail, posto no facebook, escrevo, escrevo, escrevo, como uns
chocolates (uns biscoitos, uns bombons,
uns-tudo-de-doce-que-eu-encontrar), faco controle de respiracao, corro,
passo roupa (poise!).
Tenho percebido que muito mais dificil que tracar meus
objetivos, tem sido controlar as minhas emocoes. E quando eu comecei a colocar
isso em pratica, minha vida se tornou menos dificil – porque facil, nao vai ser
nunca. Facil nao tem graca, facil todo mundo faz, facil eu nao quero.
No fantastico mundo de Talita, tudo tem trilha sonora. E,
essa aqui (Dogs days are over, da Florence + The Machine), tem um trecho que especialmente se encaixa nesse texto,
nesse momento, na minha vida:
“(…) Leave all your love and your
longing behind You can't carry it with you if you want to survive (…)”
“(…) deixe seu amor e
sua saudade para tras, voce nao pode carrega-los se quiser sobreviver (…)”
Saudosista saudável, de gente de carne osso, lágrimas e gargalhada e muito chocolate! Carol Viana.
ResponderExcluirDe fácil já basta você né amiLga :D
ResponderExcluirUm dia no Whatsapp você disse que era fácil pra gente que ficou, com a vida ganha, com rotinas, com todo mundo junto aqui.
Não é tão mais fácil quanto falta você gritando nas rodas de conversa, mas de alguma forma, pra mim é mais fácil mesmo, pq sei que você tá ali no e-mail, no facebook, num post sobre os cagões da praia, do jeitinho que a nossa amizade começou a crescer lá nos idos dois mil e primeiros. com mais anos e mais recursos tecnológicos, mas a sensação é a mesma quando você era apenas uma menina de cabelos de fio de telefone na alemanha, dividindo comigo a vida que eu admirava, admiro e sempre vou admirar e torcer.
Beijos, te amo :)